5.14.2007

Mamae

Ha muito, venho querendo escrever sobre minha mae.
E hoje, olhando papeis e cartas antigas, me deparei com uma poesia que ela escreveu, um pouco antes de morrer. E ao ler a poesia, chorei muito,agarrada ao papel ,pois me veio tudo na cabeça, como flexes de um filme.chorei sim, assim como chorei quando ela estava no hospital. Vendo o seu fim doloroso, deitei do seu lado chorando e mesmo sob a reprovaçao de outros que estavam no quarto , pedi à ela que nao fosse embora, que ficasse comigo.Muito franquinha, ela conseguiu acariciar meus cabelos, me dizendo para ser forte, que ela estava indo se encontrar com papai, no céu.
Esta poesia é triste,porque no momento ela nao poderia escrever diferente.
Porem, minhas lembranças dela,sao de uma mulher extremamente viva,alegre,carinhosa, dedicada. Que amou meu pai,até o fim,um amor apaixonado e verdadeiro. Que teve 7 filhhos.
Que tocava piano maravilhosamente bem so de ouvido. Que escrevia poesia e letras de musica.
Talvez se tivesse nascido em outra época, ou em outras circunstâncias, teria feito algo de grande aos olhos do mundo. Mas como ela mesma dizia,tudo o que se faz por amor,mesmo que pareça insignificante,é grande e cheio de valor.
"Vivo sem nenhuma calma
Parece que ja nao tenho crença
Sinto ca dentro, na alma
Uma dor enorme, imensa
é muito triste realmente
Que logo eu que tanto sonhei
Sinta-me assim tao derrepente
Na realidade, pois acordei.
E por ter sonhado muito acordada
Acho dura e pesada a vida
E este peso, carrego desanimada
Se eu conseguisse um pouco de esperança
De um amor forte, entusiasmado, como em criança
Seria mais dôce e facil esta subida."
(Celeste Maria, 1931-1997)
Mamae... Levo o mesmo nome que você, Celeste! E se antes eu nao gostava, agora gosto, porque vem de ti.
ps. foto de 1949